Risco pandêmico de influenza aviária H5N1 cresce com a chegada do vírus à América do Sul
Artigo escrito por Paulo Lee Ho, coordenador de comunicação do CeRDI
De 2003 a 2023 foram relatados em 21 países 873 casos humanos de infecção por influenza A (H5N1) e 458 mortes. Recentemente, foram registradas duas infecções na mesma família no Camboja, com uma morte, em que o pai foi apenas infectado e sua filha faleceu. Isso não acontecia desde 2014. A sua alta letalidade, associada à severidade da doença, faz com que exista uma grande preocupação do H5N1 se tornar pandêmico.
Apesar dos casos serem restritos a infecções associadas ao contato com as aves, a influenza aviária tem causado grandes perdas econômicas na Europa e nos Estados Unidos. Grandes criações de aves de corte foram dizimadas pelo vírus, pela infecção, ou como medida de contenção pelas agências sanitárias. Além disso, aves selvagens, muitas delas em risco de extinção, estão sendo infectadas e mortas pelo vírus na natureza.
Através de rotas migratórias, o vírus H5N1 chegou ao continente norte-americano e, entre o final de 2022 e início de 2023, chegou à América do Sul matando aves selvagens como pelicanos e, recentemente, aves de corte, provocando uma grave questão econômica para alguns países, como a Argentina. Além da questão de saúde pública, existe o problema econômico e também ambiental relativo às aves e mamíferos com risco de extinção.
Detecção de vírus aviário H5Nx no mundo. Cepas do H5N1 chegaram ao continente sul-americano entre o final de 2022 e início de 2023.
Oficialmente, ainda não há notícias de sua presença detectada no Brasil
A preocupação é ainda maior pelo fato de mamíferos como martas, raposas e lontras terem sido infectados na Europa e, recentemente, de leões marinhos no Peru, indicando que a transmissão pode ocorrer não só pelo contato com aves infectadas, mas também entre mamíferos, o que torna o risco de uma pandemia mais preocupante pela quebra da barreira de transmissão entre estes grupos.
Desta forma, o mundo se preocupa com a situação de risco pandêmico associado ao vírus H5Nx. O Instituto Butantan, preocupado também com a situação, está iniciando os trabalhos de produção de antígenos H5Nx que possam ser usados no caso de uma pandemia com os vírus aviários de influenza.