OMS alerta para o crescimento de casos da gripe K

Situação aponta para a necessidade de avançar a pesquisa no desenvolvimento de novas vacinas

 

29/12/2025

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma atualização no dia 10 de dezembro deste ano sobre o crescimento dos casos de gripe sazonal, com destaque para a subclado K do vírus influenza A (H3N2). O número de casos da chamada gripe K têm aumentado em países da Europa, Ásia e América do Norte. No dia 12 do mesmo mês, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso da variante K no Brasil, em uma paciente adulta do Pará – o vírus foi coletado para sequenciamento genético. 

O monitoramento mundial é realizado pelo Sistema Global de Vigilância e Resposta à Gripe (GISRS), uma rede coordenada pela OMS com mais de 160 instituições em 131 estados-membros. Além da vigilância, o GISRS tem o papel de alertar sobre o surgimento de novos vírus da gripe, e de quaisuqer outros com potencial de causar uma pandemia.

Para além do subtipo K, o alerta da OMS destaca o cuidado com o crescimento de casos de gripe em geral. O Brasil aparece entre os países com maior percentual de casos detectados da gripe sazonal já conhecida a partir de agosto de 2025, o que é incomum para essa época do ano. Segundo o Informe de Vigilância das Síndromes Gripais referente à Semana Epidemiológica 49, do Ministério da Saúde, os estados do Norte e Nordeste apresentam o maior crescimento dos casos de influenza. 


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No Brasil, mais de 30% dos casos notificados testaram positivo para o vírus influenza A (H3N2) em novembro de 2025, tornando o país um foco da doença na América do Sul. FONTE: OMS

 

Contágio e cuidados

O inverno no hemisfério norte ajuda na propagação do vírus da gripe; mas mesmo no hemisfério sul existem outros vírus respiratórios circulando, o que também o risco de infecção. Segundo a OMS, a contaminação pelo vírus influenza tende a diminuir por aqui depois de agosto, quando termina o inverno,. Mas em setembro de 2025 foi detectado um leve aumento de casos no hemisfério sul.

 


O gráfico mostra diferentes tipos de vírus da gripe detectados no hemisfério sul e regiões subtropicais, entre Junho e Novembro de 2025 - o aumento a partir de Setembro é incomum e acende o alerta. FONTE: OMS

 

A OMS destaca que, nos casos de gripe observados, a doença não está mais severa do que o normal, mas o aumento na quantidade de infectados pode elevar rapidamente o números de casos graves. As vacinas da gripe disponíveis na rede pública continuam sendo a principal forma de prevenção para crianças e adultos, lembra a organização. Embora não elimine totalmente as chances de contaminação pelo subtipo K, o imunizante reduz fortemente a quantidade de casos graves e hospitalizações. 

 

Desafios de pesquisa com a vacina da gripe

Existem quatro tipos de vírus da influenza: A, B, C e D. Os dois primeiros são responsáveis pelo surgimento de epidemias sazonais todos os anos, porque se modificam muito rapidamente por meio de mutação genética. Por isso, a cada ano as vacinas são atualizadas. A OMS é responsável por indicar quais cepas (variantes do vírus que se comportam de modo diferente no organismo) devem ser utilizadas, visando garantir a maior proteção possível das populações ao redor do mundo. 

Embora sejam seguras e eficientes, as vacinas da gripe ainda não conseguem evitar 100% dos casos. O Instituto Butantan se dedica à pesquisa para aperfeiçoar os imunizantes por meio do seu Centro de Pesquisa em Imunobiológicos (CeRDI). Entre as frentes de trabalho do Centro, dirigido pela Dra. Ana Maria Moro, está o desenvolvimento de uma vacina universal – capaz de imunizar contra todas as variantes da influenza. 


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Os tipos A são classificados em subtipos de acordo com as proteínas na superfície do vírus. Atualmente, circulam entre humanos os vírus da gripe dos subtipos A (H1N1) e A (H3N2). Outros vírus da influenza tipo A, como o A (H5N1), que causa a gripe aviária, podem infectar humanos, mas ainda não há registro de transmissão de uma pessoa a outra (o contágio até então só ocorre no contato com animais). Os tipos B não são classificados em subtipos, mas em duas linhagens: B/Yamagata e B/Victoria. A maior parte das vacinas atuais incluem três vírus da gripe: influenza A (H1N1) pdm09, influenza A (H3N2) e vírus da linhagem B/Victoria. Com a vacina universal, espera-se que as campanhas de vacinação sejam mais eficientes, garantindo uma maior proteção da população.