Organização Panamericana de Saúde atualiza informações sobre gripe aviária, incluindo avanços no Brasil

Documento orienta ações de controle, e informações sobre o uso de vacinas

 

29/12/2025

No final do último mês de novembro, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) publicou uma atualização sobre a situação epidemiológica do vírus influenza A H5N1 no continente americano. Causador da doença conhecida como gripe aviária, o vírus vem sendo monitorado pela instituição que integra a Organização Mundial da Saúde (OMS). A atualização não registrou nenhum caso humano no Brasil, mas alerta para o risco.

Desde o início de 2025, casos em humanos foram reportados nos Estados Unidos e no México. Agora casos do tipo se expandiram, incluindo Equador e Chile na América do Sul. O quadro abaixo, fornecido no documento, mapeia a expansão:

Entre 2022 e 2025, os casos de gripe aviária em humanos vêm crescendo nas Américas e preocupam autoridades de saúde. FONTE: OPAS-OMS

 

O documento orienta um controle cuidadoso aos gestores de saúde de todos os países membros da OPAS, incluindo o Brasil. No momento, os indivíduos mais vulneráveis ao vírus são aqueles que trabalham diretamente com aves domésticas e selvagens, como criadores, veterinários e pesquisadores. Os principais sinais da doença são crises e infecções respiratórias, sintomas de pneumonia, mas também conjuntivite e encefalite. O acompanhamento e a notificação dos casos são o mais importante.

O documento da OPAS orienta o uso de vacinas, por enquanto, somente para os grupos considerados de alto risco. Ao redor do mundo, alguns imunizantes já foram licenciados em caráter emergencial. No Brasil, o Instituto Butantan se dedica a produzir uma vacina contra a gripe aviária desde 2023. Em julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a realização de testes clínicos. 

O imunizante brasileiro está sendo desenvolvido com base na cepa do vírus influenza A H5N8, fornecido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) – esta cepa é eficaz na imunização contra o H5N1, destacado pela OPAS.

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Entenda a transmissão

O vírus influenza A H5N1 ataca principalmente aves domésticas e selvagens. Tendo sido primeiramente identificado no Camboja, no continente asiático, o patógeno se espalhou com a migração das aves. Nas Américas, o primeiro caso identificado foi no ano de 2021. Em seguida, cresceram os casos em outros tipos de animais – até mesmo mamíferos marinhos. Os gráficos abaixo, fornecidos no documento do OPAS, demonstram esse avanço entre animais selvagens e domésticos, incluindo o Brasil.

 


Desde 2022, o Brasil registrou principalmente casos em aves selvagens. FONTE: OPAS-OMS

 

Em 2025, o Brasil registrou um aumento no número de casos, incluindo aves domésticas. Até então, a infecção não foi registrada em nenhum outro mamífero. FONTE: OPAS-OMS

 

Em seres humanos, foram 991 casos no continente americano desde 2023. Até o momento, os dados não mostram transmissão entre pessoas. Porém, entre aqueles contaminados no contato com animais infectados, a mortalidade é superior a 50% dos casos. Esse percentual é muito maior do que a letalidade da infeção por Covid-19 (vírus SARS-Cov-2), que gira em torno de 1%. Para evitar uma possível epidemia, a OMS recomenda o trabalho conjunto de vigilância.

 

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